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Lipedema: O distúrbio silencioso por detrás da gordura que não desaparece

  • Foto do escritor: begoodmust
    begoodmust
  • 22 de out.
  • 3 min de leitura

Há mulheres que passam anos a tentar mudar o corpo sem perceberem porque é que certas zonas - como as pernas ou os braços - parecem não responder a nada: nem dietas, nem exercício. O espelho mostra uma imagem que não corresponde ao esforço, e a frustração cresce. O que muitas não sabem é que esta dificuldade pode não ter origem na balança, mas numa condição ainda pouco falada: o Lipedema. Leia o artigo de opinião de Mariana Teixeira, Fisioterapeuta na Clínica Nuno Mendes.


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O que é o Lipedema?

O Lipedema é uma doença crónica do tecido adiposo, que se manifesta pelo acúmulo anormal e simétrico de gordura, sobretudo nas pernas, coxas e braços. Ao contrário do que acontece com a gordura comum, esta não desaparece com dieta ou exercício físico intenso, o que leva muitas mulheres a sentir culpa ou incompreensão perante o próprio corpo.

Mais do que uma questão estética, o Lipedema é uma condição médica que causa dor, sensação de peso e maior sensibilidade ao toque. É frequente o aparecimento de hematomas espontâneos e inchaço, especialmente no final do dia - sintomas que tendem a piorar com o calor ou longos períodos em pé.


Quando o corpo dá sinais

Os primeiros sinais de Lipedema podem surgir em diferentes fases da vida, mas é comum que apareçam durante alterações hormonais, como a puberdade, a gravidez ou a menopausa. Entre os sinais mais frequentes estão:

Acúmulo de gordura desproporcional e distribuição simétrica: geralmente das ancas até aos tornozelos, surgindo de forma equilibrada nos dois lados do corpo;

Dor e sensibilidade: mesmo sem inflamação aparente, ao pressionar a zona afetada pode surgir desconforto;

Facilidade em formar hematomas: pequenos impactos deixam nódoas negras;

Sensação de inchaço e pernas pesadas: que não desaparece totalmente com o repouso;

Resistência a dieta e exercício: a gordura persiste apesar de hábitos saudáveis.

Reconhecer estes sinais é o primeiro passo para procurar ajuda e evitar diagnósticos errados, que continuam a ser frequentes.

O impacto emocional

Para além do desconforto físico, o Lipedema afeta a autoestima e a saúde emocional. Muitas mulheres sentem frustração por não conseguirem resultados, mesmo mantendo hábitos saudáveis, e acabam por se isolar ou desistir de cuidar de si. É importante compreender que o Lipedema não resulta de preguiça ou maus hábitos, mas sim de uma condição real que exige acompanhamento especializado e empatia.


Quando procurar ajuda?

Se se identifica com vários destes sinais, é aconselhável procurar um médico especialista, como um angiologista, cirurgião vascular ou especialista em linfologia. O diagnóstico precoce ajuda a controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e orientar para tratamentos adequados.


Quais são os tratamentos para o Lipedema?

Embora não exista cura definitiva, há várias abordagens que ajudam a controlar os sintomas e melhorar o bem-estar:

  • Fisioterapia e drenagem linfática manual: aliviam o inchaço e a sensação de peso nas pernas;

  • Meias de compressão: favorecem a circulação e reduzem a retenção de líquidos;

  • Exercício físico regular: atividades de baixo impacto, como caminhada, bicicleta ou natação;

  • Alimentação equilibrada: ajuda a controlar o peso corporal e a inflamação, embora não elimine o Lipedema;

  • Acompanhamento multidisciplinar: envolvimento de médico, fisioterapeuta, nutricionista e, quando necessário, apoio psicológico.


Ouvir o corpo é o primeiro passo

O Lipedema não é preguiça nem falta de esforço. É uma condição real que merece ser reconhecida e tratada com seriedade. Ignorar os sinais apenas prolonga o desconforto físico e emocional. Se sente que esta descrição se encaixa em si, não desvalorize o que o corpo tenta comunicar: procurar ajuda médica é o primeiro passo para recuperar o bem-estar e a qualidade de vida.


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